Mata Atlântica

O bioma Mata Atlântica se estende de norte a sul do país indo desde o Estado do Piauí ao Rio Grande do Sul margeando a costa brasileira e avançando em parte do interior. Nessas regiões vivem cerca de 62% da população brasileira e esta ocupação humana foi a grande causadora dos impactos ambientais que esta região vem sofrendo desde o período de colonização europeia. Por este motivo, dos 1.300.000 km² de extensão continua da Mata Atlântica original hoje existem cerca de 86.000 km² remanescentes em pontos isolados e descontínuos (www.sosmatatlantica.org.br). Um estudo recente sobre monitoramento ambiental via satélite constatou que a Mata Atlântica está distribuída em 245.173 fragmentos de florestas (RIBEIRO et al., 2009). Existem dois fragmentos com considerável faixa contínua de floresta, ambos na Serra do Mar, um no Estado de São Paulo indo até o sul do Rio de Janeiro e outro no Estado do Paraná (RIBEIRO et al., 2009). Regiões como o Estado de Santa Catarina e Vale do Ribeira em São Paulo também apresentam importantes remanescentes como refúgio da biodiversidade do Bioma Mata Atlântica (RIBEIRO et al., 2009).

Figura 1 – Floresta ombrófila densa encontrada no Bioma Mata Atlântica na região da Serra do Mar no Estado de São Paulo (Foto: Marina Lapenta).

Apesar do alto grau de devastação, a Mata Atlântica é um dos biomas terrestres mais ricos em espécies animais e vegetais sendo considerado um dos hotspots mundiais em biodiversidade. A Mata Atlântica apresenta cerca de 20 mil espécies de angiospermas, sendo 8 mil endêmicas, enquanto em todo território da América do Norte são estimadas 17.000 espécies e, na Europa, cerca de 12.000 (PERES, 2010). Esta variedade biológica pode ser explicada pelos diferentes ecossistemas encontrados neste bioma e que estão diretamente interligados com as diferentes características climáticas e geológicas associadas à exposição constante aos ventos úmidos vindos do oceano. A Mata Atlântica abrange em termos geológicos cadeias de montanhas, platôs, vales e planícies e se estende desde a faixa litorânea até o interior do Brasil onde se encontram com os Biomas Caatinga no nordeste, Cerrado na região centro-sul e os Pampas no sul do Brasil (IBGE, 2004).

Na conformação do Bioma Mata Atlântica encontram-se florestas ombrófilas (densa, aberta e mista) (figura 1) e estacionais (semideciduais e deciduais) e outros ecossistemas associados (manguezais, restingas, brejos interioranos, campos de altitude e ilhas costeiras ou oceânicas) ou inserções fitofisionômicas de estepe e savana nas regiões de contato com o Cerrado por exemplo (IBGE, 2004). A floresta ombrófila densa é a formação que mais caracteriza o bioma, formada por árvores de grande e médio porte que formam um dossel fechado deixando os estratos inferiores pouco iluminados. Geralmente há formação de neblina devido à associação ao clima quente e úmido costeiro das regiões sul-sudeste onde este tipo de floresta é mais frequente. A floresta ombrófila aberta ocorre principalmente na região nordeste nos Estados de Alagoas e Paraíba, onde recebe influência da umidade da costa nordestina, e intercala-se com outros tipos de vegetação (IBGE, 2004).

Figura 2 – Responsáveis pela cor vermelha intensa do pigmento do Pau-Brasil, brasilina e brasileina.

A história de devastação da Mata Atlântica começou logo no início da colonização do Brasil pelos europeus devido ao grande interesse em uma madeira de onde era possível se obter um pigmento natural de cor vermelha forte. Esta madeira era extraída do tão conhecido Pau-Brasil (Caesalpinia echinata – Fabaceae) de onde se originou o nome do país. A partir do Pau-Brasil pode-se isolar um dihidropirenóide, a brasilina um derivado catecólico que se oxida facilmente gerando a brasileina, um composto fenólico dienônico identificado como o responsável pela cor vermelha intensa do pigmento (figura 2) (SILVA et al., 2010; GOTTLIEB; MORS, 1980).