Figura 1 – Floresta ombrófila densa (mata de terra firme), vegetação típica do bioma Amazônia (Foto: Marina Lapenta).

A Amazônia é o maior bioma brasileiro, correspondendo a quase 50% do território nacional com uma área de 4.196.943 km² (IBGE, 2004). Expande-se pelos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Roraima, Rondônia, Mato Grosso, Maranhão e Tocantins e ainda pelos países vizinhos, Guiana, Guiana Francesa, Suriname, Venezuela, Equador, Peru e Bolívia. Situada em uma região caracterizada pelo clima equatorial úmido, a vegetação que caracteriza o bioma Amazônia é a floresta ombrófila densa (figura 1) que ocorre em toda área central do bioma acompanhando os rios Solimões, Amazonas e seus afluentes. São encontradas nestas florestas árvores de grande porte que podem alcançar mais de 50 metros, com dossel que pode ou não apresentar árvores emergentes (IBGE, 2004). Espécies como a castanheira do Pará (Bertholletia excelsa), guariúba (Clarisia racemosa), sucupira (Diplotropis purpurea), seringueira (Hevea brasiliensis) entre outras ilustram muito bem o grande porte das árvores típicas destas florestas.

Nas regiões marginais à formação anterior encontra-se a floresta ombrófila aberta, caracterizada por áreas de “clarões” formados pela presença de palmeiras, cipós, bambus e sororocas. As chamadas áreas de transição encontram-se em regiões limítrofes entre o bioma Amazônia e Cerrado e são caracterizadas por apresentarem predominantemente vegetação de floresta ombrófila, mas também formações típicas de Cerrado como “ilhas” de buritizais. O bioma Amazônia abrange uma área tão extensa, com diferentes formações geológicas e transições climáticas o que lhe confere uma diversidade vegetal singular. Logo, podem-se citar ainda outras formações menores em extensão, mas não menos importantes como abrigo da biodiversidade como as áreas de mangue, campinaranas (tipo de vegetação que se desenvolve sobre solos arenosos extremamente pobres) e os refúgios vegetais (encontrados nos pontos elevados das serras). Em termos econômicos a Amazônia apresenta uma variedade de recursos naturais que já vem sendo utilizados de forma racional e outros ainda não explorados de forma sustentável.

Figura 2 – Substâncias com atividade sobre o sistema nervoso central, a emetina e a (+)-tubocurarina, exemplos clássicos de substâncias extraídas de plantas medicinais da Amazônia.

A flora amazônica acumula uma grande quantidade de substâncias ainda não exploradas do ponto de vista farmacológico. Alguns exemplos clássicos de substâncias derivadas de plantas medicinais utilizadas pelos índios são a emetina, obtida das raízes de ipeca (Cephaelis ipecacuanha – atualmente Psychotria ipecacuanha, Rubiaceae) e a (+)-tubocurarina, um anestésico isolado a partir de folhas de Chondondendron tomentosum (Menispermaceae) (figura 2) (SILVA et al., 2010; ANDRADE-NETO et al., 2007).

A família Rubiaceae é bastante comum na região amazônica, possui cerca de 13.000 espécies que compreendem árvores, arbustos, lianas e ervas. Espécies de Rubiaceae abrangem grande diversidade de metabólitos secundários: alcaloides indólicos, iridoides, antraquinonas, flavonoides, e terpenos. Além disso, os metabólitos isolados de espécies desse táxon podem grande contribuir para os estudos de taxonomia e filogenia deste grupo taxonômico complexo (CARDOSO, et al. 2003, 2004, 2005).

 

Referência

Andrade-Neto, V.F.; Pohlit, A.M.; Pinto, A.C. et al. Mem. Inst. Osw. Cruz. 102: 359-365 (2007).

Cardoso, C.L.; Castro-Gamboa, I.; Silva, D.H.S.; Furlan, M., Epifânio, R.A.; Pinto, A.C.; Rezende, C.M.; Lima, J.A.; Bolzani, V.S. J. Nat. Prod. 67, p. 1882 (2004).

Cardoso, C.L.; Silva, D.H.S.; Castro-Gamboa, I.; Bolzani, V.S. J. Braz. Chem. Soc. 16, p. 1353 (2005).

Cardoso, C.L.; Silva, D.H.S.; Tomazela, D.M.; Verli, H.; Young, M.C.M.; Furlan, M.; Eberlin, M.N.; Bolzani, V.S. J. Nat. Prod. 66 (7), p. 1017 (2003).

IBGE, 2004. Disponível em: http://mapas.ibge.gov.br/biomas2/viewer.htm Acesso em: 08/12/2012.

Silva, D.H.S.; Castro-Gamboa, I.; Bolzani, V.S. In: Comprehensive Natural Products II Chemistry and Biology. Oxford. Verpoorte, R. (2010).