Figura 1 – Fitofisionomia do bioma Caatinga com presença de plantas de porte arbustivo e herbáceo. (foto: Marina Lapenta).

O domínio do bioma Caatinga abrange cerca de 900 mil Km², 54% da região Nordeste e 11% do território brasileiro. Estende-se por toda região semiárida dos Estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, o sudoeste do Piauí, partes do interior da Bahia e do norte de Minas Gerais (ZAPPI, 2008; ANDRADE et al., 2005). Considerado como o único bioma exclusivamente brasileiro a Caatinga situa-se na região mais seca do país com níveis de precipitação de menos 1000 mm/ano, com chuvas distribuídas irregularmente, com longos períodos de precipitação muito baixa ou inexistente (ZAPPI, 2008).

Figura 2. Monoterpeno bicíclico, ascaridol isolado de Croton regelianus, espécie de planta da caatinga.

A fitofisionomia da Caatinga é muito variada podendo-se encontrar áreas de vegetação arbustiva baixa e rala até florestas densas que podem atingir até cerca de 10m de altura (IBGE, 2004). A presença de espécies com adaptações ao clima quente e seco é característica deste bioma com plantas que apresentam espinhos, acúleos, folhas e caules suculentos. O clima severo que domina esta região determina uma vegetação com alta frequência de elementos xerófitos, sobretudo cactáceas e bromeliáceas, o que define a fitofisionomia Savana Estépica como a mais característica da Caatinga (figura 1) (ZAPPI, 2008). Áreas de Savana ocorrem isoladamente no Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte e Bahia. Durante os poucos períodos chuvosos algumas regiões isoladas ganham uma paisagem de intenso verde principalmente nas Florestas Ombrófilas Abertas e Estacional Decidual e Semi-decidual na região dos estados do Ceará, Paraíba e Pernambuco, algumas áreas da Bahia e sul do Piauí (IBGE, 2004). Entre as espécies de porte arbóreo e arbustivo são encontrados representantes das mais variadas famílias vegetais, no entanto, não endêmicas da Caatinga, como: Amburana cearensis (Fabaceae – imburana de cheiro), Aspidosperma pyrifolium (Apocinaceae – pau pereiro), Caesalpinia pyramidalis (Fabaceae – catingueira), Tabebuia impetiginosa (Bignoniaceae – pau d´arco roxo), Myracrodruon urundeuva (Anacardiaceae – aroeira), Mimosa tenuiflora (Mimosidae – jurema preta), Anadenathera colubrina (Mimosidae – angico) (ZAPPI, 2008; ANDRADE et al., 2005).

A caatinga possui uma grande diversidade de espécies de Croton, muitas delas utilizadas na medicina popular para o tratamento de reumatismo, diabetes, malária, câncer e dores de estômago. O gênero Croton (Euphorbiaceae), é representado por árvores, arbustos e ervas, compreendendo cerca de 1300 espécies distribuídas nas regiões tropicais e subtropicais mundiais. O óleo essencial de Croton regelianus possui atividade larvicida contra larvas de Aedes aegypti e Artemia sp. O principal componente do óleo essencial, o monoterpeno bicíclico ascaridol (figura 2), cuja atividade anti-helmíntica já é descrita, é um dos responsáveis pela atividade observada (TORRES et al. 2008).

REFERÊNCIAS

Andrade, L.A.; Pereira, I.M.; Leite, U.T.; Barbosa, M.R. Cerne. 11 (3), p.253 (2005).

IBGE, 2004. Disponível em: http://mapas.ibge.gov.br/biomas2/viewer.htm Acesso em: 08/12/2012.

Torres, M.C.M.; Assunção, J.C.; Santiago, G.M.P.; Andrade-Neto, M.; Silveira, E.R.; Costa-Lotufo, L.V.; Bezerra, D.P.; Marinho-Filho, J.D.B.; Viana, F.A.; Pessoa, O.D.L. Chemistry & Biodiversity. 5, p. 2724 (2008)

Zappi, D. Megadivers. 4 (12), p. 34 (2008).