(Português do Brasil) Boletim InfoBio – Novembro de 2020 – 17/11

(Português do Brasil) Boletim InfoBio – Novembro de 2020 – 17/11

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Otto Gottlieb e o pioneirismo na defesa da biodiversidade

Otto Richard Gottlieb, cientista brasileiro que desenvolveu uma metodologia inovadora para a pesquisa com produtos naturais, foi também uma voz pioneira na defesa do meio ambiente e da preservação da biodiversidade. Ainda nos anos 1980, ele mostrou com argumentos científicos que a destruição da biodiversidade traria perdas irreversíveis para o ser humano. Quarenta anos depois, as sociedades desenvolvidas colocam a questão ambiental como um dos principais problemas a serem enfrentados por seus governantes, e o Brasil assiste, a cada dia, ações que ameaçam o patrimônio natural.

  1. Ações do INCT BioNat no combate à pandemia
  2. Divulgação científica e outros destaques

    Reflorestamento e preservação de pequenas áreas não são suficientes para conservar os tesouros químicos da AmazôniaA 40 anos atrás, o cientista Otto Richard Gottlieb ressaltou ser prioridade da ciência estudar e classificar esse mundo inexplorado, antes que fosse parcialmente destruído. Salientou, além disso, a responsabilidade dos pesquisadores brasileiros diante da tarefa, dada a grande variedade de espécies que o País abriga. A atualidade da visão pioneira de Gottlieb está presente em seus textos e entrevistas, dos quais selecionamos alguns trechos.Entrevista concedida à Vera Rita da Costa, para a revista Ciência Hoje, em 1988:“Acredito que no futuro o conhecimento maior sobre os produtos naturais permitirá enfrentar problemas básicos de sobrevivência como a pobreza, a densidade populacional e as doenças. Não estaríamos vivos sem os fármacos, cuja fabricação depende de produtos naturais, diretamente ou como modelos de derivados sintéticos. Onde buscar novas substâncias, ou, mais precisamente, novos modelos moleculares para a idealização e a obtenção de substâncias sintéticas? A resposta parece evidente: nas florestas das regiões neotropicais. No entanto, estamos destruindo esse reservatório sem ao menos estudá-lo adequadamente. Conhecemos espantosamente pouco sobre a composição química da Amazônia – bem menos de 1% das espécies descritas morfologicamente o foi quimicamente. Uma única espécie pode conter centenas ou talvez milhares de produtos naturais. Como o cientista não tem — ou tem pouca — influência na velocidade do desmatamento, cabe-lhe, pelo menos, apressar o trabalho de análise química das plantas das regiões ameaçadas. Esse, para mim, é o esforço social mais significativo dos químicos nesse fim de século”.”O alto padrão de nossa sociedade tecnológica é baseado numa provisão crescente de substâncias químicas. Nesse sentido, a Amazônia é um fabuloso baú. Infelizmente, são magras as esperanças para a sua exploração mais profícua”.”As duas formas da assim chamada exploração racional praticadas hoje — o reflorestamento espontâneo de terras anteriormente utilizadas e a preservação de pequenas áreas em meio a vastos territórios ocupados por empreendimentos industriais — não dão conta de conservar os tesouros químicos da Amazônia. Na recolonização de uma área, as plantas encontrarão fatores ambientais diferentes com respeito à fertilidade, umidade e iluminação. Estamos estudando o efeito dessas variáveis e já sabemos que, sem dependência de sua posição filogenética, plantas em solo pobre são mais ricas em fenóis e plantas em ambientes úmidos mais ricas em substâncias fungitóxicas. A preservação da vegetação em reservas também não é garantia da constância química das plantas, pois as modificações operadas por vento e poeira nas margens artificialmente criadas se espalham gradativamente para o interior da floresta, mesmo sem nova intervenção humana. De modo que não é só a extinção de espécies, da qual tanto se fala, que constitui perigo. É preciso estudar também as consequências químicas de nossa política preservacionista (veja aqui)”.Do artigo Biodiversidade: o enfoque interdisciplinar brasileiro, publicado na revista Ciência & Saúde Coletiva, em conjunto com outros autores, 1998:“Biodiversidade hoje no Brasil – uma das últimas fronteiras biológicas do mundo – constitui importante fonte de riqueza. No entanto, seu impacto para a garantia do bem-estar e da saúde do povo somente será atingido por meio do conhecimento das interações recíprocas dos organismos. Essa meta exige o discernimento da linguagem da natureza a fim de que se possa entender, participar e interferir no seu funcionamento. Que não haja dúvida a respeito: a maior parte dessa forma de comunicação é constituída por vocábulos químicos”.”Infelizmente, o uso pleno da linguagem para a compreensão dos processos da vida é impedido pelo abismo que separa Química de Biologia. Estas áreas do saber conformam culturas distintas entre si, e o fato de permanecerem isoladas acarreta sérios problemas, é desconsiderado e contraprodutivo (Kornberg, 1987). Em consequência, um novo tipo de sistemática – ciência que estuda a diversidade dos organismos (Mayr, 1991) – precisa unir a Química a todos os níveis de organização dos seres vivos, com a esperança de que se venha a adquirir visão mais consistente da vida inserida em determinado ambiente”.

    * Crédito foto Otto Gottlieb: https://revistapesquisa.fapesp.br/

     

    Conheça as ações do INCT BioNat no combate à pandemia da Covid-19

    Os pesquisadores do INCT BioNat se engajaram em importantes iniciativas como resposta aos desafios estabelecidos pela pandemia da Covid-19. Veja as principais atividades realizadas:

    Estudos para a identificação do potencial de peptídeos na inibição da infecção por SARS-CoV-2 em ensaios biológicos em diferentes etapas do ciclo do vírus. Alguns peptídeos e bioconjugados têm mostrado resultados promissores nos diferentes estágios da infecção viral. Os compostos serão classificados em três grupos (virucidas, protetivos e inibidores de replicação citoplasmática) e seus mecanismos na replicação in vitro do SARS-CoV-2 serão estudados.

    Produção de álcool em gel a partir de uísque apreendido pela Receita Federal de Araraquara. Seguem algumas notícias sobre essa iniciativa:

    https://globoplay.globo.com/v/8751612/
    https://globoplay.globo.com/v/8752192/
    https://recordtv.r7.com/recordtv-interior-sp/sp-record/inovacao-alcool-em-gel-feito-com-whisky-30072020

    Projeto de pesquisa aprovado pela FAPESP (processo 2020/05761-3): Estudo da Ação de Peptídeos Sintéticos como Antivirais contra o SARS-CoV-2 e Avaliação Combinada com Anti-inflamatórios Comerciais.

    Preparação, no Instituto de Química da UFU, de álcool 70% (em gel, glicerinado e líquido) para doação, contribuindo para minimizar a escassez que o hospital de clínicas da UFU e instituições de caridade estavam passando. Seguem algumas notícias sobre essa iniciativa:

    https://globoplay.globo.com/v/8492288/programa
    http://comunica.ufu.br/node/15225
    https://www.facebook.com/105603596246669/posts/1734741403332872/?vh=e&d=n
    https://youtu.be/vQsNJ46IvQA
    https://globoplay.globo.com/v/8569241/programa/
    http://adufu.org.br/post/noticias/adufu-no-combate-ao-coronavirus
    https://www.facebook.com/watch/live/?v=283737456355639&ref=watch_permalink
    https://www.youtube.com/watch?v=UVAVQbdr5Tg

    Preparação de álcool sanitizante para doações aos hospitais de centros de saúde públicos da cidade de Bauru e região. Já foram doados mais de 1000 litros, destacando o Hospital Estadual de Bauru (referência no tratamento da Covid-19 em Bauru) e a Santa Casa de Piratininga. Seguem algumas notícias sobre essa iniciativa:

    https://www.youtube.com/watch?v=go_y9UmllZc
    https://www.jcnet.com.br/noticias/geral/2020/04/721577-unesp–quimicos-produzem-alcool.html
    https://unan.unesp.br/destaques/35725/unesp-produz-alcool-glicerinado-para-unidades-de-saude-de-bauru
    https://www.socialbauru.com.br/2020/04/24/departamento-quimica-unesp-bauru-produz-alcool-doar-hospitais-regiao/

    Realização de testes (rápido e PCR) no Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamentos da UFC; incluindo: treinamento de biossegurança para laboratórios NB2 para toda a equipe envolvida; auxilio nas adequações de laboratórios e produção de vídeo-aulas de biossegurança em laboratórios de pesquisa básica.

    – Biossegurança NB1: https://youtu.be/fZWpT6rUFuc
    – Biossegurança NB2: https://youtu.be/k3HSLbBXwek

    Iniciativa de pesquisa e desenvolvimento de novos candidatos a fármacos para o tratamento da Covid-19. Diversas ações de pesquisa vêm sendo realizadas nos laboratórios da USP em duas frentes principais: reposicionamento e inovação de fármacos. Projeto de pesquisa FAPESP (Processo: 20/04602-9): Desenvolvimento de antivirais para o tratamento da COVID-19.

    Desenvolvimento de uma dissertação de mestrado no Edital nº 03/2020 – específico para projetos de Covid-19: Identificação in silico de lactonas esteroidas (vitanolídos) inibidores de proteases virais relacionados a Covid-19 através de uma abordagem de modelagem molecular.



    Divulgação científica e outros destaques

    – No mundo todo, 153 fármacos são testados em pacientes com COVID-19:
    https://agencia.fapesp.br/no-mundo-todo-153-farmacos-sao-testados-em-pacientes-com-covid-19/33335/
    https://saude.abril.com.br/medicina/no-mundo-todo-153-remedios-sao-testados-em-pacientes-com-coronavirus/

    – Vetores Saudáveis: Desenvolvimento de Medicamentos e Vacinas para a Covid-19 e os Desafios em Saúde no Brasil: http://www.iea.usp.br/midiateca/video/videos-2020/vetores-saudaveis-desenvolvimento-de-medicamentos-e-vacinas-para-a-covid-19-e-os-desafios-em-saude-no-brasil

    – Covid-19: Small-Molecule Clinical Trials Landscape: https://www.eurekaselect.com/183440/article

    – O Processo de descoberta e desenvolvimento de medicamentos e o combate à Covid-19: https://www.youtube.com/watch?v=l9H3YQn80aM

    – Andricopulo: Reposicionamento de fármacos é um caminho possível, mas ainda não há uma solução:

    http://www.sbq.org.br/