Sorry, this entry is only available in Brazilian Portuguese. For the sake of viewer convenience, the content is shown below in the alternative language. You may click the link to switch the active language.
Durante evento no Instituto Butantan, Vanderlan Bolzani, vice-presidente da SBPC e professora titular do Instituto de Química da Unesp, defendeu a pesquisa básica e falou dos rumos da ciência no Brasil. (Foto: Camilla Carvalho/Acervo Instituto Butantan)
A ciência brasileira vive um momento crítico. Cortes orçamentários e contingenciamentos promovidos pelo governo preocupam Vanderlan Bolzani, vice-presidente da SBPC e professora do IQar-Unesp, que apresentou essas e outras aflições na palestra “Pesquisa básica, os desafios atuais e o futuro da ciência no Brasil”, durante a 19ª Reunião Científica Anual do Instituto Butantan.
Para chegarmos a este cenário, Bolzani apontou aspectos como a baixa regionalização da pesquisa no País; o atraso em relação a países desenvolvidos na estruturação de um sistema acadêmico/científico; a retração no investimento que, segundo a própria professora, já era baixo; e a insuficiente mobilização da sociedade frente a retrocessos.
“O que esperar de políticos que sabem que a sociedade não vai pressionar pelo investimento na ciência?” – indagou a cientista.
A vice-presidente da SBPC, que disse já ter sido uma otimista, apontou mais investimentos em projetos colaborativos – que dão mais retorno à ciência e sociedade, uma maior inclusão das mulheres na ciência e maior atenção à nossa biodiversidade como caminhos para o avanço do conhecimento no País, além do combate aos retrocessos e atrasos.
Mostrando aquilo que seria o caminho para o desenvolvimento da ciência brasileira, Bolzani aponta onde estamos nos perdendo: “Nesse contexto, o que nós temos? Temos uma riqueza enorme de ambientes, plantas, espécies; uma riqueza química e biológica imensurável que sabemos muito pouco. Porque os nossos modelos de ambiente não existem; nós importamos esses modelos e exportamos conhecimento. Nós estamos sendo commodities de conhecimento”, finaliza.
A pesquisadora falou também de algumas benesses que a ciência brasileira tem garantido à população, como no enfrentamento a doenças virais e desenvolvimento de fontes renováveis de energia, “coisas que estamos à frente de países desenvolvidos”.
Ao final, Bolzani apresentou um questionamento direto: “O que será da nossa ciência, com nossos bons talentos, se não tivermos investimento?” e deixou uma frase de um dos nossos grandes cientistas: “Meditai se só as nações fortes podem fazer ciência, ou se é a ciência que as fazem fortes” – Oswaldo Cruz.
A 19ª Reunião Científica Anual do Instituto Butantan acontece até a próxima sexta-feira, 1º de dezembro, e conta com participação da professora Vanderlan Bolzani na mesa redonda “Mulheres na Ciência”, que ocorrerá na próxima sexta, das 11h20 às 12h30. A programação completa você confere aqui.
Marcelo Rodrigues, estagiário do Jornal da Ciência